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Criptografia Numaboa

O pirata La Buse

Sab

3

Set

2005


00:01

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O pirata Olivier Le Vasseur era o terror nas costas das Antilhas. Ficou conhecido como La Buse, o Falcão, porque caía sobre as suas vítimas assim como faz o pássaro que lhe rendeu o cognome. No início do século XVIII, era uma celebridade em todo o Mar do Caribe.

Sua fama fez com que fosse duramente reprimido pela marinha francesa e inglesa, motivo pelo qual decidiu transferir sua atuação para o Oceano Índico. Das ilhas Réunion, Maurício e Rodrigues, no arquipélago de Mascareñas, a Oeste da ilha de Madagascar, escolheu Reunión como residência e central de logística. Não foi por acaso. A ilha tem 2.510 quilômetros quadrados e muitos contrastes na sua paisagem: praias de areia branca, lagoas e vulcões (o mais alto, Piton de Neiges, tem 3.086 metros de altura). Seu terreno acidentado era um abrigo ideal e o clima tropical, suave e úmido, era agradável.

Uma grande história

La Buse
Olivier Le Vasseur (?-1730)

Em Abril de 1721, Le Buse, no seu navio Victory, e seu companheiro Taylor, no navio Cassandra, ambos sob bandeira inglesa, retornavam para a capital da ilha, Saint-Denis. Tiraram a sorte grande. A nau N. S. do Cabo, um navio português que havia zarpado de Goa, depois de ter sofrido grandes avarias devido a um violento temporal, havia procurado abrigo na ilha. Sem mastros e sem velas, o navio era uma presa fácil e, para a surpresa dos corsários, levava um imenso tesouro e passageiros ilustres. Entre os que estavam a bordo encontrava-se D. Luís Carlos Inácio de Menezes, 5o. Conde da Ericeira e Vice Rei da Índia, em sua viagem de volta para Portugal.

A tomada da N. S. do Cabo foi considerada como o maior e mais rendoso assalto a um único navio dentre os muitos que ocorreram durante o século XVIII, motivo pelo qual teve grande repercussão e publicidade. De acordo com relatos da época (e posteriores), sabe-se que a fragata transportava uma carga riquíssima, constituída por sedas, porcelanas e outras mercadorias exóticas. Além disso, trazia um enorme carregamento de diamantes, muitos dos quais pertenciam ao Conde da Ericeira, e outros ao próprio Rei, D. João V.

Segundo uma destas fontes, treze portugueses desertaram para se juntarem aos piratas, mas igualmente refere que o Conde da Ericeira continuou a lutar no tombadilho da nau até a sua espada se partir, ganhando admiração e respeito dos atacantes. Resolveram, então, restituir-lhe a espada, cujo punho tinha ouro e diamantes incrustados, e seus pertences pessoais. O Conde, dizendo que não permitiria distinções entre si e os restantes companheiros de infortúnio, recusou a oferta. Em consequência, os piratas pilharam esses bens e destruiram aquilo que, certamente, seria o mais valioso sob um ponto de vista cultural e histórico - a coleção de livros e manuscritos que o Conde da Ericeira juntara e trazia para a sua biblioteca. Foram rasgados para servirem de buchas nos mosquetes dos piratas!

Depois de uma "carreira de sucesso", La Buse era um homem rico e resolveu morar em Madagascar. A pirataria tornou-se em hobby e, de tempos em tempos, o pirata exercia novamente a atividade com a qual havia feito fama e fortuna. Num destes empreendimentos, foi capturado por um navio negreiro, levado para a cidade de Saint Paul para ser julgado e condenado à forca. Foi executado no dia 7 de Julho de 1730 e sepultado no cemitério da cidade. Seu túmulo e sua história ainda exercem grande fascínio, e não são poucos os que ainda procuram seu tesouro em Maurício, ilhas Seychelles e Reunión.

Conta a lenda que La Buse, ao ser executado, segurava firmemente em sua mão um criptograma que começa com A celui qui découvrira mes trésors!, "Para aquele que descobrirá meus tesouros!".

Mapa da mina
O criptograma de La Buse

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