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Criptografia Numaboa

François Viète

Dom

1

Abr

2007


09:15

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François Viète (1540-1603) é conhecido como o pai da álgebra moderna porque foi o primeiro a usar letras para representar variáveis. Além disto, este matemático amador francês, contemporâneo de Vigenère e de Marnix, foi também um dos melhores criptoanalistas da sua época.

Biografia

Viète
François Viète (1540-1603)

François Viète, também conhecido como Franciscus Vieta, nasceu em 1540 em Fontenay-le-Comte, França. Filho de Marguerite Dupont e Étienne Viète, seguiu a carreira do pai formando-se em Direito na Universidade de Poitiers. Em 1560 iniciou sua carreira para abandoná-la quatro anos mais tarde.

Em 1564 Viète foi contratado para supervisionar a educação de Catherine, filha de Antoinette d'Aubeterre. Era uma época de grande perturbação política e religiosa na França. Carlos IX havia sido coroado rei da França em 1560 e, logo depois, tiveram início as Guerras Religiosas Francesas (1562), embates entre diversas facções de Protestantes e de Católicos Romanos que se estenderiam até quase o final do século.

Em 1570, Viète mudou-se para Paris. Apesar de nunca ter atuado como matemático ou cientista profissional, tinha grande interesse em matemática e astronomia - seu primeiro trabalho matemático apareceu em Paris em 1571. Em agosto de 1572, Carlos IX autorizou o massacre dos huguenotes, um grupo cada vez mais poderoso de protestantes franceses. Viète deve ter passado muitas dificulades neste período porque, mesmo não sendo um ativista, era também um huguenote. Apesar disto, um ano mais tarde, o rei Carlos IX indicou Viète como conselheiro do governo em Rennes.

Viète permaneceu em Rennes até março de 1580, quando retornou a Paris. Carlos IX havia morrido em 1574, deixando o trono para Henrique III que, dois anos mais tarde, fez concessões aos huguenotes. Logo em seguida os católicos criaram a Liga Sagrada com o propósito de defender seus interesses através de ações militares. Nesta atmosfera tensa, em 25 de março de 1580, Henrique III nomeou Viète como seu conselheiro real particular ligado ao parlamento de Paris.

Em 1584 a Liga Sagrada fortaleceu-se. Com a morte do irmão de Henrique III, o protestante Henrique de Navarro tornou-se pretendente do trono. Temendo que os protestantes passasse a controlar novamente a França, a Liga passou a lutar com muito mais vigor e Viète não conseguiu se sustentar no cargo pelo simples fato de ser um huguenote conhecido. Deixou Paris para se isolar em Beauvoir-sur-Mer onde, por mais de cinco anos, dedicou-se inteiramente à matemática.

Em 1587, Henrique de Navarro derrotou o exército do rei Henrique III. Um levante popular em Paris em maio de 1588, incentivado pela Liga Sagrada, obrigou o rei a se refugiar em Chartres. Em abril de 1589 Henrique III chama novamente Viète para o seu parlamento agora sediado em Tours. Henrique III e Henrique de Navarro resolvem se reconciliar e, unindo suas forças, tentam retomar Paris em 1589, mas, neste mesmo ano, Henrique III é assassinado por um jacobino.

Felipe II da Espanha, um campeão da Contra-Reforma Católico Romana, apoiava a Liga Sagrada enviando dinheiro e tropas para a França. Após o assassinato de Henrique III, Felipe reclamou o trono da França para a sua filha, Isabella Clara Eugenia. Cartas endereçadas a Felipe, escrita em código, caem nas mãos de Henrique de Navarro.

Viète Criptoanalista

Neste mesmo ano de 1589 Henrique de Navarro foi coroado como Henrique IV, o rei mais popular da história da França, mas estava numa situação muito incômoda. A Liga Sagrada, liderada pelo Duque de Mayenne e apoiada pelo monarca espanhol, dominava Paris e todas as outras grandes cidades da França. Foi quando uma correspondência entre Felipe e dois de seus oficiais, o comandante Juan de Moreo e o embaixador Manosse, caiu nas mãos de Henrique IV. Estava em código, mas havia no seu governo um François Viète, seigneur de la Bigotière, que, além de Conselheiro do Parlamento (ou Corte da Justiça) de Tours, havia sido conselheiro particular do seu antecessor. Melhor ainda, era também um protestante apoiando um rei protestante que, um ano antes, havia quebrado o código de um despacho espanhol endereçado ao Duque de Parma, Alessandro Farnese, comandante das forças espanholas da Liga. Henrique IV não teve dúvidas: enviou as mensagens interceptadas para Viète para ver se ele podia repetir o feito.M/p>

O criptoanalista não o decepcionou. O texto claro da longa carta de Moreo continha inúmeros detalhes de negociações levadas a cabo com Mayenne: "... Vossa Majestade, tendo 66.000 homens nestes estados [a Holanda], não seria nada dispor de 6.000 para este caso de necessidade premente. Caso sua recusa fique conhecida, tudo estará perdido... Nada disse sobre este assunto ao Duque de Parma... O Duque de Mayenne me assegurou que era seu desejo tornar-se rei; não consegui disfarçar minha surpresa...". A mensagem havia sido codificada com uma nova nomenclatura que Felipe havia dado a Moreo quando da sua partida para a França. Consistia no alfabeto usual com substituições homofônicas, além de uma lista de código com 413 termos representados por grupos de duas ou três letras (LO = Espanha, PUL = Navarro, POM = Rei da Espanha) ou de dois números sublinhados (64 = confederação) ou pontilhados (9.4. = Vossa Majestade). Uma linha sobre os dois dígitos indicava um nulo.

A carta de Moreo era datada de 28 de outubro de 1589 e, apesar da experiência de Viète e do volume de texto, o texto completamente decifrado só ficou pronto em março do ano seguinte (mas porções decifradas já haviam sido enviadas ao monarca). O que Viète não sabia é que no dia anterior, 110 milhas distante de Tours, Henrique IV havia derrotado as forças de Mayenne, o que tornava a decifração um tanto acadêmica.

Apesar do contratempo, Viète escreve para Henrique IV "... e não fique ansioso porque esta é uma ocasião para que seus inimigos mudem suas cifras e se acobertem ainda mais. Eles as mudaram renovadamente, mas seus truques sempre foram e sempre serão descobertos". Suas palavras provaram estar corretas, pois Viète continuou a desvendar as mensagens da Espanha e de outros principados sem a menor dificuldade. Mas o sucesso lhe subiu à cabeça e ele acabou caindo na armadilha de um ardiloso diplomata à procura de informações. Giovanni Mocenigo, o embaixador veneziano na França, quis saber se Viète conhecia o significado de alguns símbolos muito elegantes e misteriosos, ao que Viète respondeu prontamente que sim... e muito mais do que devia. Foi o que bastou para que o Conselho dos Dez, ao ser informado por Mocenigo, substituísse prontamente suas chaves.

E o Papa com isto?

Neste meio tempo, Felipe II ficou sabendo através de suas próprias interceptações de cartas francesas que Viète havia quebrado uma cifra/código que os espanhóis - aparentemente pouco versados em criptoanálise - imaginavam indevassável. Isto o deixou muito irritado. Imaginando causar muitos problemas para os franceses sem se comprometer, contou ao Papa que Henrique IV só poderia ter lido seus textos cifrados com a ajuda de magia negra. Acontece que deu com os burros n'água. O Papa, conhecedor das habilidades do seu criptoanalista pessoal, Giovanni Batista Argenti, e de outros criptoanalistas papais que já haviam quebrado as cifras de Felipe há mais de 30 anos, não tomou atitude nenhuma. Tudo o que Felipe conseguiu foi se tornar motivo de chacota.

Uma cifra de Viète

Criptoanalista que se preze conhece as fraquezas dos métodos que quebra. Daí é apenas uma passo: criar a tão sonhada cifra inviolável.

A história da criptologia está pontilhada por cifras de criptoanalistas famosos. Porque Viète seria uma exceção? Abaixo está a cifra de Sully, de 1599, nitidamente uma obra do nosso amigo Franciscus Vieta smile

Cifra de Viète
Cifra de Sully de 1599 (François Viète)
Fontes de Referência
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